
Introdução
Em Limeira, no interior de São Paulo, fica um dos viveiros mais impressionantes que já visitei: o Viveiro Ciprest. É o tipo de lugar que faz qualquer colecionador perder a noção do tempo. Logo na entrada, você já percebe que está prestes a ver uma das maiores coleções de frutíferas do país.
Uma fileira interminável de jaboticabeiras dá as boas-vindas, com dezenas de variedades alinhadas lado a lado. Entre elas, mangueiras enxertadas, garcinias raras, espécies amazônicas e exóticas que dificilmente aparecem à venda em outros viveiros. É um daqueles lugares que fazem você querer voltar com o carro vazio só pra poder levar mais.
A visita
O Ciprest é focado principalmente em frutíferas, mas há espaço para muito mais do que isso. Eles têm árvores ornamentais, exóticas e até algumas espécies de clima temperado, como carvalhos e bordos, que são raridades por aqui. A organização chama atenção: tudo é bem sinalizado e identificado com etiquetas, e as plantas vêm com fotos impressas, o que ajuda muito na hora de escolher — especialmente para quem ainda não conhece as espécies maduras.
O atendimento também merece destaque. Os proprietários são extremamente experientes e sabem guiar quem está meio perdido entre tantas opções. Se você tiver dúvidas ou quiser montar um pomar com variedade, eles ajudam a planejar e sugerem combinações. Com tanta coisa à disposição, esse tipo de orientação faz diferença — é fácil se perder entre centenas de opções tentadoras.
Durante a visita, encontrei várias plantas que nunca tinha visto em outro lugar. Há frutíferas populares, mas também espécies que beiram o colecionável: árvores enxertadas de variedades raras de manga, dezenas de tipos de jaboticabas, e algumas preciosidades que raramente aparecem à venda. Também vi durian e muprong — não são baratos, nem fáceis de encontrar, e o fato de estarem ali já mostra o nível de dedicação do viveiro.
Embora o foco seja esse universo tropical e subtropical, há espaço para mais. Frutíferas asiáticas e superexóticas ainda aparecem em menor número, mas mesmo assim há o suficiente para ocupar qualquer colecionador por horas.
Espécies que chamaram atenção
Entre as centenas de espécies do viveiro, algumas se destacam logo de cara. A coleção de jaboticabas é provavelmente a maior que já vi em um único lugar — dezenas de variedades alinhadas, desde tipos mais comuns até híbridos e cultivares raros que só se encontram com muito esforço.
Outro destaque foi a Baccaurea ramiflora (mafai), uma frutífera asiática pouco conhecida no Brasil, mas que chama atenção pelas folhas brilhantes e pelos frutos pendentes em cachos diretos do tronco.

Ao lado dela, havia também maprang, espécie rara da mesma região tropical, difíceis de ver em qualquer outro viveiro.

Entre as ornamentais, uma das mais bonitas foi um ipê de cor vinho-escuro, quase arroxeado, que dá um contraste incrível quando floresce. Eu mesmo já cultivei um exemplar dessa variedade, e posso confirmar: é uma árvore de presença marcante.

Ipê de cor vinho-escuro cultivado a partir de muda adquirida no Viveiro Ciprest, já em flor no nosso pomar.
Além disso, há uma quantidade impressionante de Eugenias — várias espécies nativas do Brasil, cada uma com sua forma e sabor. É um grupo de plantas que o Ciprest claramente domina e cultiva com cuidado.
E, claro, isso é só uma amostra. Há tantas espécies no viveiro que seria impossível listar todas aqui. Cada visita revela algo novo, e parte da diversão é justamente descobrir o que está brotando nas bancadas naquela época do ano.
Um lugar para revisitar
O Ciprest é um daqueles lugares que criam rotina. Já fui várias vezes, e mesmo achando que já comprei metade do catálogo, sempre encontro algo novo. O viveiro tem provavelmente entre 500 e 1000 espécies diferentes — é impossível ver tudo (ou comprar tudo) em uma única visita.

O resultado típico depois de uma visita ao Viveiro Ciprest: o carro completamente tomado por mudas de todos os tamanhos.
O atendimento é sempre o mesmo: cordial, rápido e eficiente. O pessoal ajuda a carregar o carro e, de algum modo, consegue acomodar trinta plantas no espaço onde só caberiam dez. Já virou tradição sair de Minas com o carro vazio e voltar com ele completamente lotado de mudas.
Dicas práticas
- Localização: Limeira, São Paulo
- Site: www.ciprest.com.br
- Instagram: @viveirociprest
- Google Maps: Viveiro Ciprest no Google Maps — consulte horários de funcionamento e rotas atualizadas
- Transporte: leve uma lona ou cobertura plástica para proteger as mudas no carro.
- Mosquitos: passe repelente antes de começar a andar, ou peça um pouco ao pessoal do viveiro — eles sempre têm à mão.
- Hospedagem: se quiser transformar a visita em um passeio de fim de semana, Holambra é o melhor ponto de apoio. A cidade é charmosa, tem bons restaurantes e dá pra aproveitar o clima tranquilo depois das compras.
- Tempo: reserve pelo menos meio dia. Há muito para ver, comparar e escolher com calma.
Conclusão
O Viveiro Ciprest é, na prática, o paraíso de quem gosta de frutíferas raras. A variedade é enorme, o atendimento é de primeira e o ambiente é convidativo. Mesmo quem vem de longe acha que vale o deslocamento — é o tipo de lugar que se visita uma vez e acaba voltando todos os anos.
Não é um viveiro de e-commerce nem de produção em massa. É um lugar de colecionadores para colecionadores, com plantas bem cuidadas, identificadas e selecionadas com conhecimento. Para quem ama botânica e quer ver de perto o que o Brasil tem de mais diverso em cultivo de frutas e árvores ornamentais, vale cada quilômetro da viagem.
Viveiro do Espinhaço
Somos o Espinhaço, dedicado à preservação e cultivo de plantas raras e nativas.


